MEMÓRIAS DA ALFABETIZAÇÃO
A minha paixão pela escola influenciou bastante na escolha do curso de formação. Na infância estudei em escola particular e o meu fascínio na sala era as várias figuras espalhadas com seus nomes em destaque, de todas formas possíveis de serem escritas (maiúscula, minúscula, cursiva ou de imprensa), alguns cartazes com histórias curtas.
Sempre amei o ambiente escolar baseado no que eu estava vivenciando ali, isso foi mudando ao longo do tempo devido alguns traumas em outras escolas, mas não o suficiente para odiar, então, as minhas produções/atividades eram muito mais significativas na escola.
Aos 5 anos já sabia identificar as letras, juntar as sílabas e ler, associar palavras a figuras e também sabia escrever. Eram atividades de associação do nome da letra à sua representação visual e o som que ela adquire na palavra. Os vários livros de caligrafia me ajudava muito legitimidade das letras/palavras. Minha mãe diz que eu era muito boa na associação das palavras e principalmente na leitura. Conseguia identificar em qualquer ordem as letras e amava pintar as letras. Amava também os livros de histórias.
Lembro de um momento na minha alfabetização que foi um momento muito prazeroso (dentre todos os outros):
Estávamos na primavera e estudando o texto “João e o Pé de feijão”.
A professora nos deu um copo com algodão e desse que também iríamos plantar um feijão igual a João. Naquele momento eu achei que meu feijão iria subir até o céu – eu sempre fui fascinada pelo céu e meu sonho era deitar nas nuvens, mas também experimentar para saber se eram feitas de algodão doce, então aquele momento era perfeito. Cuidamos no feijão a semana inteira, molhando o algodão e até plantamos. Foi uma das atividades mais incríveis (que tenho em mente).
Uma outra atividade foi a do dia do Circo. Neste dia, todas as atividades foram voltadas para a confecção de cartazes sobre circos e palhaços, mas no turno oposto teríamos uma festa na qual, teria um palhaço. MAS OS ALUNOS NÃO SABIAM. Na festa (aconteceu na área de recreação) durante uma história contada por uma das professoras, um palhaço surgiu de dentro da escola e no meio de todas aquelas crianças ela veio diretamente em mim. Lembro que chorei horrores (eu não consegui identificar a professora que estava vestida de palhaço; ela até se desmontou para me acalmar, mas não adiantou), tiveram que chamar meu avô para me buscar na escola antes da festa acabar. Tenho medo de palhaços e tudo relacionado a circo.
(Inclusive, assistir o filme lançado recentemente “Coringa” foi um desafio muito grande.)
Eu amava meus colegas. Eram todos conhecidos. Minha mãe era amiga de todas as mães dos meus colegas e principalmente da minha professora e dona da escola – até hoje temos um vínculo muito forte. Eu a amava/amo muito. Era excelente no tratamento com todos na escola. Nos ensinava individualmente quando tínhamos dificuldades e procurava sempre meios para melhorar a aprendizagem. Lembro que uma vez, estava com dificuldades em escrever a letra F de forma cursiva e minúscula, ela me auxiliou pela caligrafia e passou atividades para casa.
Amava as atividades dos livros, de recortes de figuras e associação destas em sala. As pinturas, as caligrafias, as brincadeiras com massinha de modelar, eram as atividades mais prazerosas nesse processo.
Não me recordei do que mais odiava fazer na escola e perguntei a minha mãe, ela disse:
“A única coisa que odiava era voltar pra casa. Sempre chorava para voltar para casa. Dizia que queria ficar com sua mãe – a professora.”
A escolha do curso foi está muito relacionado à minha vivência com as minhas professoras da infância. O amor pelo o que faz, o respeito e o afeto proporcionado durante meus anos iniciais foram de extrema importância; as pequenas coisas do dia a dia me fazia um bem enorme. Acredito que esse conjunto de fatores faz a diferença em sala de aula e no processo de desenvolvimento da criança.
É isto. Se preparem!!! Ao longo do curso, estarei relatando algumas experiências observadas em outros contextos com outros aspectos, já que estou construindo um olhar mais significativo para todo o campo da educação.
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Que linda sua caminhada pela Alfabetização, Emy! Eu fico extremamente encantada pelos seus relatos.
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